quarta-feira, 21 de março de 2012

Excepcionais, no melhor sentido da palavra


(Imagem extraída do filme "Colegas")

Hoje, 21 de Março, é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. E é extremamente esperançoso ver a evolução da sociedade no tratamento a essas pessoas mais que especiais que se diferem por serem portadoras de uma deficiência mas que compensam qualquer dificuldade com lições diárias de amor, carinho, compreensão e superação.

Há quase 2 anos escrevi um post sobre um “Happy Hour” da Astrid Fontenelle, que teve como tema a inclusão de crianças com deficiência em escolas, onde o principal recado dado por mães e pedagogas que debatiam o tema era o de que inclusão começa dentro de casa. E os resultados que a boa-vontade em tratar as pessoas de forma igual só traz benefício. Hoje de manhã, no Bom Dia Brasil, uma reportagem mostrou a realização de duas meninas que chegaram à Universidade depois de muito esforço e apoio. Segundo a reportagem, educadores e pais de jovens com síndrome de Down acreditam que esse avanço deles na escola aconteceu principalmente graças à inclusão. Há pouco mais de dez anos, só 20% dos alunos com deficiência frequentavam turmas regulares. Hoje, 75% estão em escolas regulares.

Além disso, uma das iniciativas mais incríveis que eu já vi foi mostrada sábado no TV Xuxa. Podem falar o que for, mas poucas pessoas têm um tratamento tão humano, carinhoso e inclusivo com os portadores dessa deficiência quanto ela. Desde sempre. Com um programa inteiro dedicado à eles, um dos focos principais foi a divulgação de “Colegas”, primeiro filme brasileiro com o elenco principal formado somente por portadores da Síndrome de Down. Um roteiro incrível (3 amigos que fogem da Instituição onde vivem afim de realizar seus sonhos) e uma iniciativa corajosa, que refletem o tratamento que tanto o diretor do filme (que conviveu com um tio Down a vida inteira) quanto os pais desses jovens dão a esses atores. Vale a pena assistir tanto as entrevistas, quanto o trailer e o depoimento do diretor:



Quem quiser ver o programa inteiro, clique aqui e aqui também.

Com produção executiva de Otávio Mesquita, outro militante da causa que fez ainda uma reportagem sobre os bastidores da produção, o filme ainda não conseguiu ser lançado por falta de patrocínio para distribuição. O filme conta com um blog que conta toda a história e um canal no Facebook pra divulgar tudo o que está rolando.

E pra fechar, um dos atores principais do filme, Breno Viola, um judoca de 31 anos, lançou hoje em Brasília o portal Movimento Down, que tem como foco a inclusão social dos portadores da Síndrome e visa mostrar que incapacidade, definitivamente, não é mais um conceito que pode ser associado a essas pessoas. Capazes eles são, e muito. Principalmente de dar amor. Eu sempre acreditei que quem tem um filho excepcional em casa é porque recebeu um dom absurdo de especial de Deus. Cabe a quem não tem esse privilégio aprender a ser tolerante, porque respeito é a única coisa que eles querem. E, quem sabe assim, se deixar entender o que de fato tem valor na vida.

A vida é mais divertida quando a alma é feminina



No atraso que eu tô nesse blog (os textos que eu ainda tô devendo vêm, ainda que fora de hora, mais pra treino do que pra cumprir timing), só porque eu fiquei preso no escritório consegui ver “Louco Por Elas”, da nova leva de séries da Globo. E essa é deliciosa!

Eu sou fã do João Falcão desde sempre, na verdade. De “O Auto da Compadecida” (inquestionável) a “Clandestinos” (linguagem nova incrível em produção de TV que eu não sei por que não continuou), passando por “Fica Comigo Esta Noite” (que só eu vi), eu adoro tudo o que ele faz. “A Máquina” (também dele) está no meu Top 10 de filmes e tem uma das melhores frases de amor ever: “Você quer o mundo? Eu busco o mundo pra você” – dita num tom de ameaça passional numa história cheia de referências e num cenário bem regional. Por isso é bacana ver esse mesmo cara construindo uma comédia urbana despretensiosa e leve com só esse item em comum: a alma feminina.

Léo (Du Moscovis) é o típico macho desmistificado que já entendeu que não é provedor de nada sozinho e que, sem mulheres pra colocá-lo no prumo, ele é um bosta. Encantador, sim. Mas um bosta. E os defeitos que essa mudança no padrão das relações causa estão todos ali, numa facilidade de identificação que só faz quem está assistindo rir de canto de boca. O mesmo acontece com a personagem da Déborah Secco, que se coloca na posição “masculina” do (ex)casal, mas é frágil, dependente e quase histérica. E ainda tem a filha adolescente pra botar mais pilha naqueles que se vêm, pela primeira vez na vida, como espelhos tortos de alguém que tá buscando identidade.

Pra aliviar o que já seria uma comédia ótima, a melhor parte da série: o contraponto entre a velha hippie sequelada (a absurdamente incrível Glória Menezes) e a menina nerd, ultra-inteligente e sagaz que faz o papel da razão nessa casa que só não lembra mais a nossa porque a nossa Parati não é mais verde-limão. Eu ia chamar isso de inversão de papéis mas nem posso porque, particularmente, acho uma das maiores graças da minha família ter uma avó sarrista, de cabelo roxo, que canta sertanejo antigo e dança forró enquanto cozinha aos 90 anos (obviamente não tão caricata quanto essa) pra algumas pessoas que se levam a sério demais. E ser um pouco desconectado do mundo é uma opção de vida das melhores que estão tendo! Ah, destaque pra participação fofa (pra manter o comentário feminino) do Arlindo Lopes, par da Glória no teatro em “Ensina-me a Viver” onde ela fazia uma jovem de 80 e ele, um senhor de 19 - dirigidos pelo mesmo João Falcão.

A crise de idade de todo mundo no episódio de ontem (a inveja dos mais jovens e a constatação da própria idade dos mais velhos, com o personagem do Du racionalizando que precisa começar – COMEÇAR – a assumir os cabelos brancos) só faz de novo o que eu mais gosto na dramaturgia brasileira: fala de cotidiano e faz graça de si mesmo. Afinal de contas, com 10, 15, 40 ou 90, cada um tem que viver a idade que sente. No caso do protagonista, 22. No meu, 17. Mas com permissão pra beber.

Agora licença que eu vou ver o primeiro capítulo porque não tenho TV a cabo, mas já assinei a Globo.com! :)

R.I.P. BBB


(foto publicada pelo Cartas para Pi dizendo que, se o BBB acabou pra gente, Monique é campeã e Yuri é vice!)

Essa não foi nem de longe a primeira vez que eu disse que ia desistir de ver um BBB (alô, Dourado!), mas talvez seja a primeira que eu vá de fato cumprir. Monique saiu e o povo que ficou me dá tanto tédio que eu tenho medo de morrer em frente à televisão tendo uma vida inteira pela frente! E olha que eu já tenho aguentado Fina Estampa antes do programa, o que mostra muito o tamanho da minha preocupação.

Parágrafo destinado à função social da televisão: Mona foi eliminada por duas questões: 1) era Selva, e desde que Boninho e Bial forçaram descaradamente uma separação da casa entre bem e mal, foi constatada a incapacidade do público brasileiro de analisar as pessoas separadamente. Bom, não sejamos injustos: com a não rejeição a Yuri e Monique, descobrimos que o público é capaz sim (quase uma volta aos tempos de Dhomini) mas não são páreos para a turma das redes sociais que perdeu completamente a noção do que é importante, trocando “Máfias Douradas” por “Máfias Praieiras” como se disso dependesse a vida deles - ou a que eu espero ansiosamente que cresça logo e morra de vergonha de tudo o que registram na weird wide web; 2) pelo machismo de quem é incapaz de entender o que aconteceu com ela na primeira semana, ainda que ela tenha inocentado Daniel logo na saída. Mas as milhões de discussões na internet e o começo do discurso do Bial falando do falso moralismo do país do Carnaval já deram conta disso. E mudando brevemente de assunto, só que não, quem assistiu à entrevista da Palmirinha na Marília Gabriela logo na sequência no SBT e se chocou um pouco com a história de vida dela pode entender melhor aonde esse machismo podia levar num tempo não tão distante assim. Fim do parágrafo destinado à função social da televisão (porque se eu ainda for comentar a cena da Celeste permitindo que Baltazar voltasse pra casa na pior novela de todos os tempos, não chego a lugar nenhum, só pra variar).

Na verdade, Monique (e Laisa e Renata e Maria - Priscila, Milena, até mesmo Leka) representa uma leva de mulheres que não tem mais que pedir desculpas. E eu acho isso foda de bom. Me choca que isso ainda seja visto como transgressor, mas vá lá. Os tempos mudaram rápido demais talvez.

Sobre ser da Selva, quando falo do problema em analisar os participantes separadamente é porque, convenhamos, a Selva acabou no dia em que o Rafa pegou a Renata, ambos de caráter duvidoso. A tal “questão de honra” poderia ter caído por terra aí ao invés de terem eliminado gente de verdade que de fato movimentava a casa em detrimento a uma deslumbrada, falsa moralista e sequelada pelo excesso de laquê na franja, uma samambaia que agora acha que o batom da Monique combina com o tom de pele dela (gata, não combina com a de ninguém), um narcisista que mede cada palavra e soa mais artificial que a senhora do laquê e um hômi “simples, humilde e de bom coração” que carrega toda sua humildade no próprio discurso.

Sorte teve JC que saiu ontem antes que morresse de tédio junto com o Bial e Boninho, que estão tendo que criar factóides baseados numa hóspede espanhola (ela pode ganhar?) antes que o programa dê traço por falta de conteúdo.