terça-feira, 30 de novembro de 2010

Gérson – o punheteiro fétido



“Passione” virou uma novela chata. Bem chata. Tão chata que eu perdi completamente a paciência em assistir. Cheia de enrolação, com um texto arrastado, trama idem e, convenhamos, depois de ter contato de novo com “Vale Tudo”, a gente começa a questionar o quanto ser politicamente correto e até auto-censurável faz sentido numa obra que permite personagens com todos os tipos de caráter. Não é surpresa, portanto, que de uns anos pra cá, todo mundo torça pelos vilões. São os personagens mais ricos! Eu, por exemplo, adoro um vilão desde a Laura de “Por Amor” (a última vez que eu tive apego pelo Manoel Carlos), passando pela Laura de Celebridade e a Flora de A Favorita – é, acho que eu prefiro vilãs mulheres… eu gosto no fundo de vilões com justificativas, e mulheres são mais emocionais pra isso.


Mas antes que a introdução foda toda o contexto do post, o que me trouxe aqui hoje foi a palhaçada de ontem chamada “O Segredo de Gérson”. Praticamente o único assunto que realmente interessava ao público nessa novela (alguém aí tá mesmo roendo as unhas pra saber quem matou o Saulo?) acabou ontem da maneira mais vergonhosa possível: a revelação não aconteceu!

Gérson tinha um problema sexual porque foi molestado por uma empregada gorda na infância (HAHAHAHAHAHAHA! Great, Silvão! Quero ver o que a sua amiga Cláudia Gimenez vai dizer disso!) e era mais do que óbvio que ele via pornografia na internet (ai, como ele é transgressor!). A gente queria era saber exatamente o quê! Mas, por culpa da Goodyear e da bizarra aceitação da Globo desse tipo de interferência, a gente só sabe que ele gosta de cheiro fétido, ambiente fétido, mulher fétida… ah, e é adepto a um banheirón. Mas ó, só como voyer. Ou seja, virginal como a sua ex-amada Diana, que mais uma vez repete o papel da mocinha ingênua like Açucena de “Tropicaliente” e Edwiges de “Mulheres Apaixonadas” – juro, deve estar no contrato dela a cena do lençol sujo de sangue depois da noite de núpcias – Gérson mata a gente de vergonha. Não pelo que faz, mas por ser tão mimado, criado pela avó (ato falho, porque essa é da pá virada) e por se portar como um adolescente de 13 anos que foi pego batendo punheta pela mãe, só que já tendo passado dos 40!

Seguem abaixo alguns dos melhores comentários de quem também adora cobrir uma TV via twitter:


@LitaRee_real: O psiquiatra devia dar uma surra em Gerson!


@alvaroleme: Vou dizer que já fiz coisa BEEEEM pior que esse segredo do Gerson, hein? E nem por isso foi parar no horário nobre hahahaha

@raqpaulino: E aí? O suuuuuuper segredo secreto do Gerson era isso? Só isso? Ai, que moleque besta! Criação superprotetora dá nisso!

@rubenslopes: Em meio minuto de programa do Ratinho já há mais aberração do que todo o falatório de Gerson.


@joaomarcio: Próximo domingo no Fantástico: o sofrimento das pessoas que entram em site de sacanagem como Gerson (matéria de 30 minutos)


Flávio Gikovate, volta pra clínica, amado. Até você soltou um “É só isso, Gerson?” ontem… Deixa pra atuar nessa novela gente como a Dieckmann que colabora com o conservadorismo da sociedade em plenos 2010 (vejam só!) com frases como “O seu demônio se manifesta daquela maneira”. Olha, depois dessa, sabe que nem tô achando tão ruim assim o Boninho liberar porrada e vodka no BBB 11? #BRINKS

domingo, 21 de novembro de 2010

UFC: um estudo antropológico



Quando eu comentei com meu tio que estava assistindo “Vale Tudo”, ele começou a me contar, todo empolgado, sobre nomes de lutadores e golpes. Eu demorei um pouco pra fazer a relação… Mas ao invés de corrigi-lo, eu conto a história abaixo:

Típica noite de sábado (mas não tão típica assim), fui parar na casa de uma amiga com o objetivo de tomar vinho, comer pizza e relaxar. Pois bem, como sempre, a televisão é nossa companheira e nos enche de material para diversas discussões, comentários e referências. Mas essa noite não seria uma comum terça de final de BBB (várias já passadas no mesmo sofá). De surpresa me aparece uma amiga da anfitriã que, entre outras qualidades – inclusive a de rir junto, fundamental pra ocasião – estava a de ser lutadora de jiu-jitsu. Depois de uma breve explicação sobre o jiu-jitsu e relatos de sua paixão pela luta, eis que ela, a companheira TV, é sintonizada numa luta de UFC. E contrariando todas as previsões, eu assisti.

Primeiro porque é ultra engraçado ver os lutadores entrando com aquele arsenal de assessores e blá-blá-blás, parecendo grandes astros do cinema, exceto pela cara propositalmente enfezada. Eles JURAM que enganam alguém com aquela cara de “eu sou muito mau e tô bem bravo”. Segundo por ser um esporte de contato bem controverso.

Primeiro sinal: um dos assessores besunta a cara do fulano de vaselina. Pra não soar maledicente, apesar de parecer que o assessor passava protetor solar no fulano, a imagem que veio na minha cabeça foi do tubo de vaselina do Kill Bill (esquece a cena e o porquê dela, foca só na imagem do tubo que tá bom).

Cumprimentos entre os adversários, gostosas passando com placas, a luta se inicia. Aí vem o diferencial da noite: enquanto eu olhava com atenção tentando entender onde começava um bruta-montes e terminava o outro, minha mais recente companheira lutadora explicava tecnicamente o que tava rolando. Em poucos minutos eu já berrava “FOI PRAS COSTAS!!! QUATRO PONTOS!!!” e enxergava a técnica e a habilidade por trás daquela cena que mais parecia um gay soft porn com muita montação – a versão Brokeback Mountain, não a versão drag (que me perdoem os amantes do esporte, mas lembra o subtítulo do blog? Então). Claro que não escapavam outros comentários como “FRANGO ASSADO!!!”, “MEIA-NOVE!!!” ou “CARALHO! TÁ COM TRÊS DEDOS NO C* DELE!!!”. A luta em questão era a disputa pelo cinturão de campeão mundial entre o americano Diego Sanchez (o enfezadinho da Estrela) e Paulo Tiago, brasileiro que virou meu orgulho e deu seu sangue no ringue e é digno de minha admiração, mesmo tendo perdido. Guerreiro.

Mas o mais impressionante pra mim, é a violência da bagaça. Sério, existe um prazer meio animal em ver o cara se destruindo! O tal do Bross Lesnar (parti pra outra luta já) era tipo um não-humano. Até que chega o negão adversário dele (o vinho já tinha surtido efeito suficiente pra não me deixar decorar o nome) e me mostra que não há limites pra brutalidade. Não bastasse (com técnica) imobilizar o Bross, encheu a cara dele de porrada até parecer forrada de molho de pizza! E o juiz lá! Roendo a unha! E eu berrando do sofá pra pararem aquele massacre! A minha nova amiga ainda me disse a seguinte frase, atribuída a algum bam-bam-bam do Vale Tudo que eu não lembro mais quem é, que ilustra bem esse prazer animal: “Um homem me disse que prazer só com as mulheres, pois o meu prazer foi ver esse homem gritando perante meu poderoso triângulo”. Ui!

Passada a tensão e a vibração com toda aquela adrenalina, me entra um tal de Minotauro (não sei se era o mesmo programa, se era outro canal, se o campeonato era o mesmo…) mas eu já tava sem condições de continuar naquela explosão de testosterona e fui nocauteado definitivamente pelo sofá.

Fim.


Errata: um amigo (que não quis ser identificado - imagine aquela voz metalizada) me informou que o nome do lutador é Brock Lesnar e que a disputa do Diego Sanchez e do Paulo Tiago não valia cinturão nenhum... Por questões de responsabilidade jurídica, coloco essa errata aqui. Mas não vou mudar o texto pra não desvalorizar essa linda experiência! HAHAHAHAHAHA!

"Estamos muito feliz"


MTV estreou há 20 anos com Astrid Fontenelle, Zeca Camargo, Luiz Thunderbird, Maria Paula, Cuca Lazarotto e Lorena Calábria, que eu me lembre. Eu estreei há 29 anos, com minha mãe e meu pai. HAHAHAHAHAHA! Enfim, passados ambos os aniversários (Obrigado!), eu só queria dizer que a MTV esteve presente durante a minha formação musical e foi bem bacana enquanto eu fiz parte do target.

Em 90 eu ainda não tinha descoberto o UHF (na verdade eu ainda brincava na rua). Já em 94, com TV própria, porém limitada, eu descobri que, numa TV portátil em preto-e-branco que meu pai comprou no Paraguai, o canal 32 funcionava! E assim começou minha relação com a MTV: “Teleguiado” com o Cazé e uma avó que soletrou “Ugly Kid Joe” num bloco inteiro de programa pra não levar um “NA CARA”, “Feijão” com a Tatiana que eu assistia na academia do bairro (das poucas experiências coloridas que eu tinha na época) e me apresentava tudo o que tinha de mais atual, indo além do que eu já não escutava muito nas FMs (que se dedicavam loucamente ao poperô), Gastão me fazendo gostar um pouco mais de rock e Fábio Massari me fazendo pesquisar música.


Em 95 eu já vi Bon Jovi em carreira solo e 4 Non Blondes com a incrível “Spaceman” sendo massacrados no “Top 20 Brasil” pelos “indefectíveis” (segundo Astrid) Ace of Base e sua “Happy Nation”. E comecei a minha mania de gravar em VHS todos os VMBs – a começar por esse, ainda Video Music Awards Brasil, brilhantemente apresentado por Marisa Orth. E depois de Pedro Cardoso (ZzzzZZzz), Carlinhos Brown (que quase apanhou quando quis cantar miscigenação pros Racionais), Luana Piovani (ok), Cazé (ótimo), Marcos Mion (multiuso), Fernanda Lima (linda) e Selton Mello (bom, vai… bom), finalmente chegamos a Marcelo Adnet, que renovou a MTV de uma vez.

Renovou porque se existe uma coisa com a qual a MTV se preocupa é com o seu público. Voltada a jovens de 14 a 25 anos, é pra essas pessoas que ela unicamente se dirige, o que faz com que o envelhecimento da gente deixe a programação do canal com cada vez menos sentido, bem como sua linguagem (ou a forma como os assuntos são abordados). Ela começou absurda e assim se mantém (graças a Deus), mas me apresentou referências de comportamento quando eu precisei delas, falou sobre sexo de uma forma livre quando isso era pertinente, instigou o debate sobre temas de cunho social seriíssimos, mas sempre colocando interlocutores que tornassem a mensagem mais clara do que num Jornal Nacional e até colocou pagode, axé e sertanejo como categorias de um VMB quando a Carla Perez virou febre nacional. Com programas de entrevistas dos melhores que eu já vi, com material sobre os artistas que completariam a coleção de qualquer fã, quebrando barreiras ao exibir o primeiro beijo gay na TV brasileira (e repetindo em todos os programas de relacionamento da forma mais natural possível) e investido em animações mega-politicamente incorretas, inovando com o primeiro reality show exibido “Na Real” (que gerou o brasileiro “20 e poucos anos”) e liberando palavrão como forma de se comunicar dos jovens, a MTV era meio quintal de casa, se esse fosse cheio de amigos rindo enquanto ouviam histórias do Nando Reis ou da Cássia Eller pelos próprios.

E foi assim que o Adnet fez isso. Tornou mesmo a MTV o quintal da casa dele quando jogou os amigos todos lá. E hoje o “Comédia” e o “Furo” são os programas com maior repercussão da casa, porque mantém o absurdo sempre enxergado aqui, independente do restante da programação continuar com target definido com Restart, Mari Moon e colírios Capricho.

Nas homenagens aos 20 anos, eles não deixaram de cumprir a tabela “Vale a pena ver de novo” colocando Sarah, Cuca e Sabrina com a nova VJ do Top 10 que eu nem sei o nome, mas foi incrível ver Adriana Lessa se auto-sacaneando como ex-VJ que não deu certo e a campanha pra arrecadação de fundos pra ajudar o coitado do Edgard e, claro, ver a homenagem aos “mortos”: Kenia e Keyla, causa mortis: feiúra. HAHAHAHAHAHA!

Eu só queria mesmo era que os ex-VJs desistissem de reality shows fracassados, TVs Famas, programas de humor insuportáveis e geladeiras em todas as emissoras por onde passam e fizessem de novo algo que sabem fazer: serem inovadores, com o mesmo espírito absurdo, mas falando pra quem virou adulto – mesmo sem querer.