domingo, 21 de novembro de 2010

UFC: um estudo antropológico



Quando eu comentei com meu tio que estava assistindo “Vale Tudo”, ele começou a me contar, todo empolgado, sobre nomes de lutadores e golpes. Eu demorei um pouco pra fazer a relação… Mas ao invés de corrigi-lo, eu conto a história abaixo:

Típica noite de sábado (mas não tão típica assim), fui parar na casa de uma amiga com o objetivo de tomar vinho, comer pizza e relaxar. Pois bem, como sempre, a televisão é nossa companheira e nos enche de material para diversas discussões, comentários e referências. Mas essa noite não seria uma comum terça de final de BBB (várias já passadas no mesmo sofá). De surpresa me aparece uma amiga da anfitriã que, entre outras qualidades – inclusive a de rir junto, fundamental pra ocasião – estava a de ser lutadora de jiu-jitsu. Depois de uma breve explicação sobre o jiu-jitsu e relatos de sua paixão pela luta, eis que ela, a companheira TV, é sintonizada numa luta de UFC. E contrariando todas as previsões, eu assisti.

Primeiro porque é ultra engraçado ver os lutadores entrando com aquele arsenal de assessores e blá-blá-blás, parecendo grandes astros do cinema, exceto pela cara propositalmente enfezada. Eles JURAM que enganam alguém com aquela cara de “eu sou muito mau e tô bem bravo”. Segundo por ser um esporte de contato bem controverso.

Primeiro sinal: um dos assessores besunta a cara do fulano de vaselina. Pra não soar maledicente, apesar de parecer que o assessor passava protetor solar no fulano, a imagem que veio na minha cabeça foi do tubo de vaselina do Kill Bill (esquece a cena e o porquê dela, foca só na imagem do tubo que tá bom).

Cumprimentos entre os adversários, gostosas passando com placas, a luta se inicia. Aí vem o diferencial da noite: enquanto eu olhava com atenção tentando entender onde começava um bruta-montes e terminava o outro, minha mais recente companheira lutadora explicava tecnicamente o que tava rolando. Em poucos minutos eu já berrava “FOI PRAS COSTAS!!! QUATRO PONTOS!!!” e enxergava a técnica e a habilidade por trás daquela cena que mais parecia um gay soft porn com muita montação – a versão Brokeback Mountain, não a versão drag (que me perdoem os amantes do esporte, mas lembra o subtítulo do blog? Então). Claro que não escapavam outros comentários como “FRANGO ASSADO!!!”, “MEIA-NOVE!!!” ou “CARALHO! TÁ COM TRÊS DEDOS NO C* DELE!!!”. A luta em questão era a disputa pelo cinturão de campeão mundial entre o americano Diego Sanchez (o enfezadinho da Estrela) e Paulo Tiago, brasileiro que virou meu orgulho e deu seu sangue no ringue e é digno de minha admiração, mesmo tendo perdido. Guerreiro.

Mas o mais impressionante pra mim, é a violência da bagaça. Sério, existe um prazer meio animal em ver o cara se destruindo! O tal do Bross Lesnar (parti pra outra luta já) era tipo um não-humano. Até que chega o negão adversário dele (o vinho já tinha surtido efeito suficiente pra não me deixar decorar o nome) e me mostra que não há limites pra brutalidade. Não bastasse (com técnica) imobilizar o Bross, encheu a cara dele de porrada até parecer forrada de molho de pizza! E o juiz lá! Roendo a unha! E eu berrando do sofá pra pararem aquele massacre! A minha nova amiga ainda me disse a seguinte frase, atribuída a algum bam-bam-bam do Vale Tudo que eu não lembro mais quem é, que ilustra bem esse prazer animal: “Um homem me disse que prazer só com as mulheres, pois o meu prazer foi ver esse homem gritando perante meu poderoso triângulo”. Ui!

Passada a tensão e a vibração com toda aquela adrenalina, me entra um tal de Minotauro (não sei se era o mesmo programa, se era outro canal, se o campeonato era o mesmo…) mas eu já tava sem condições de continuar naquela explosão de testosterona e fui nocauteado definitivamente pelo sofá.

Fim.


Errata: um amigo (que não quis ser identificado - imagine aquela voz metalizada) me informou que o nome do lutador é Brock Lesnar e que a disputa do Diego Sanchez e do Paulo Tiago não valia cinturão nenhum... Por questões de responsabilidade jurídica, coloco essa errata aqui. Mas não vou mudar o texto pra não desvalorizar essa linda experiência! HAHAHAHAHAHA!

2 comentários:

Abdalla disse...

Na versão 2010 de Vale Tudo, Odete Roitman faz seus inimigos gritarem perante seus poderosos triângulos.

Mario Mendes disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, RINDO MUITO!