sábado, 29 de maio de 2010

Sinopse de "Passione" por Mario Mendes:


Bia Falcão e Shirley McLaine se conheceram fazendo Tablado na década de 30, ainda adolescentes. Um belo dia Shirley McLaine se envolveu com Stênio Garcia e engravidou, dando à luz a Mauro Mendonça (isso explica que dentadura cagada também é genética).

Anos depois as antigas colegas se encontram e Bia Falcão desperta sentimentos em Mauro Mendonça. Porém, ela havia se apaixonado perdidamente por Chico Cuoco quando ele, num baile da saudade, disse “Err-err-bê-bê-Bia... é-eu err te a-amo” com aquela dicção disléxica tão charmosa. Em pouco tempo Bia se viu grávida e abandonada por seu amor. Mas como nessa novela ela é boazinha, resolveu contar a verdade a Mauro Mendonça, que prometeu criar seu filho como sendo seu. Mas este desistiu e mandou Dona Armênia levar o bebê pra bem longe dali, dizendo à sua mulher que ele havia morrido.

Passam-se 50 anos e Mauro Mendonça, às vias de morrer engasgado com sua dentadura cagada, conta toda a verdade a Bia que decide ir para a Itália atrás do bastardo. Ela só não contava que a Ximenes, enfermeira contratada sem a menor referência, fosse antes e seduzisse seu filho, agora conhecido nacionalmente como Totony Ramos, um viúvo, pai de 3 filhos (Cazuza, Ferrugem e Leandra Leal – a melhor atriz da sua geração! Sério! Ganhou meu respeito na cena em que perdia a mãe em “A Indomada”) e que ganha a vida como tradutor e intérprete de grego (Zenti... Zúlia...), indiano (Hare Baguandi!) e italiano (Ma che!).

O objetivo de Ximenes é (obviamente, dãr) arrancar a grana de Totony Ramos assim que ele for reconhecido como filho de Bia e arrancar sua pobre irmã das garras da avó, uma ex-vedete grávida que agencia a pobrezinha pra tiozões em troca de um dinheirinho extra pra trocar seu guarda-roupa, todo trabalhado na viscose. Para isso, ela tem como cúmplice Gianechinni, um ator esforçado que passa por um mal momento de indefinições existenciais, mas que faz com ela ótimas cenas de chuveiro. Ele é filho da Vera Holtz, uma feirante sorocabana com quem ele deve ter aprendido a gostar de Lady Gaga (ninguém canta melhor “Raw-raw-ah-ah-ah”).

Mas não são só esses os problemas com que Bia Falcão terá que lidar. Depois de Totony ela teve outros 3 filhos: Bento Gonçalves, uma velha travesti aposentada que se matou de assistir filmes da Bette Davis e agora não perde a oportunidade de arquear a sobrancelha pra mãe; Anthony, que ainda não iniciou a carreira no homossexualismo, mas como quer adiar esse momento enquanto puder, resolveu roubar a Dieckmann do Raj – seu melhor amigo – e se casar com ela no final do segundo capítulo; e um mix de Carolina Ferraz e Letícia Birkheuer que vai levar o penteado chanel de volta para as ruas da cidade. Dos três, a maior preocupação de Bia é Bento Gonçalves. Bento se tornou amarga e pitizenta porque foi obrigada a se casar com Marquesa de Santos Dama do Lotação Proença que, pra compensar a falta de comparecimento do marido, dá pra jovens aleatórios que caça em shoppings. Essa amargura fará com que ele sustente o núcleo vilânico da novela, já que Giane vai puxar Ximenes pra baixo logo logo. Pra fechar, ele é pai de Cauã e Kayky, membros do núcleo maludo da novela.

Definidos os mocinhos, os vilões e os conflitos, só nos resta mapear uma coisa: o núcleo cômico! Segue abaixo a lista:

a. Destaque principal para Irene Ravache que se chama Clô mas está com o cabelo é da Ana Maria. Tenho apego por ela desde que ela era uma tiazona trambiqueira que tinha uma quedinha pelo Edson Celulari em “Cambalacho”.

b. Segundo lugar para Bruno Gagliasso, o marido italiano fêla-da-puta da Leandra Leal, que além de estar impressionantemente canastrão, se chama Rondelli (HAHAHAHAHAHAHAHA!) e conseguiu, juntamente com Gabriela Duarte, formar o casal com a melhor química da novela. #NOT

c. Participação especial de Flávio Migliaccio novamente no papel de mendigo gente boa do cabelo desgrenhado e do figurino reaperoveitado.

E por último, os adendos finais:

1. Bia Falcão, essa sua secretária tá muito forçada. Francesa pra mim é a Jaqueline Lawrence.

2. Rei do Lixo? Rainha da Sucata? RÁ! Olha Sílvio de Abreu se reiventando!

3. Achei muito digna a homenagem que o Sílvio de Abreu presta a Manoel Carlos dando continuidade às confusões etárias em Passione. Nada melhor do que Cleide Yáconis sogra de Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco pai de Tony Ramos pra substituir a noiva de Copacabana mãe de Thiago Lacerda.

4. Morro de aflição quando as vozes dos dubladores brasileiros ganham cara e corpo nas novelas, sempre em papel de advogado ou delegado. Dessa vez, no corpo do advogado da Bento Gonçalves.

5. Ai, que saudade da Cláudia Raia... Novela do Sílvio sem ela não é a mesma coisa.

6. Oi, Vitta, oi vitta mia... Lalalalala...

Hoje sim, Faro!



O Caldeirão do Huck é o melhor programa de auditório da televisão brasileira atualmente. E é o melhor programa popular, inclusive por não ser apelativo no assistencialismo social que presta à população. O próprio Luciano Huck se define como um realizador de sonhos e é dessa forma que ele se coloca, não perdendo o humor nem a leveza.

Por não ter uma concorrência qualitativa à altura, o melhor que a Record poderia fazer era “O Melhor do Brasil”. Programa ultra popular, despretencioso, que se aproveita de fórmulas já utilizadas inúmeras vezes e que são garantia de audiência, e focado em outros dois pontos que geram tanto interesse da população quanto o assistencialismo: relacionamentos e subcelebridades.

Dentro do tema relacionamentos, o “Vai dar Namoro”, é o quadro de maior sucesso do programa. E não haveria melhor dia pra falar sobre ele do que hoje. Mas vamos recapitular um pouco:

O programa surgiu apresentado por Márcio Garcia, que era incrível trabalhando com crianças no global “Gente Inocente”, mas que teve que quebrar um pouco a pose pra se encaixar numa atração tão popular como a que passou a comandar na Record. E conseguiu! “Hoje não, Márcio”, a frase preferida pelas candidatas do “Vai Dar Namoro” quando dispensam um pretendente, é um bordão reproduzido à exaustão nos mais diferentes lugares e nas mais diferentes situações pelas mais diferentes pessoas, ainda que esse não seja mais o nome do apresentador. E pra quem não conhece (será que existe alguém? Lendo esse blog? Jura?), o “ Vai Dar Namoro” funciona da seguinte forma: várias mulheres ficam sentadas lado a lado com suas pernas devidamente cruzadas e seus cabelos devidamente tratados com o patrocínio de Niely Gold enquanto rapazes entram, se apresentam e torcem para que alguma delas queira bater um papo no bar do outro lado do palco. No final, os casais que se formaram são questionados pelo apresentador se irão marcar um encontro ou se ficam somente na amizade.

Com a substituição de Márcio Garcia por Rodrigo Faro, o quadro conseguiu ficar melhor do que já era. Além da desenvoltura de quem não precisou de adaptação pra se entregar ao popular (o passado Dominó deve ter contribuído), alguns adendos foram incluídos fazendo com que ele divida com os participantes o estrelato do quadro. O principal deles foi uma caixa com comandos dados aos participantes para que cumprimentem seu parceiro. Entre abraços, selinhos, beijos com pegada e beijões, a cada beijão concretizado uma locução pede “Dança, gatinho, dança!” e ele, devidamente caracterizado com o tema da semana, dá um show de coreografia. Os dançarinos de buatchy com cabelos duros de tanto gel que vão atrás de namorada no programa têm se esforçado cada vez mais na sensualidade para fazerem alguma diferença nesse quadro onde, de protagonistas, viraram meros coadjuvantes.

Hoje ele estava de Lady Gaga. Em dois looks diferentes (“Bad Romance” e “Poker Face”). Com a coreografia na ponta do pé, com dançarinos que se levavam à sério e com uma maquiagem tão boa que o deixou A CARA da Elke Maravilha (em quem com certeza Gaga teria se inspirado se conhecesse). Não teve pra ninguém. Nem pra menina que resolveu ficar com o cabelo da Beyoncé, nem pro candidato sósia do Netinho de Paula, nem pro gogo dancer que de hétero só tinha o rebolado, nem pros famosos gritos da platéia de “Só veio arrumar o cabelô!”, muito menos pras assistentes de palco vestidas com o maiô de “Single Ladies”. Hoje a tarde foi do Faro. Como todas são (depois que o Caldeirão acaba, claro).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Isto é. Uma. Vergonha."


1 milhão de reais! Não dá pra ler essa frase sem ouvir a voz do Sílvio... No máximo a do finado Lombardi (tira momentaneamente o chapéu imaginário da cabeça em sinal de respeito). Não importa a quantidade de BBBs, Fazendas, promoções de margarina ou caminhões do Faustão que possam existir, é só ouvir “1 milhão de reais” que já vem na cabeça qualquer (mesmo! QUALQUER!) ser humano imitando o Sílvio, que junto com Lula e Pelé, formam a tríade do joão-kleberismo popular – referência à época em que ele se contentava em só fazer imitações no “Jogo da Velha” do “Domingão”.

Comecei falando disso porque um maluco acabou de ganhar “ummm milhãooo de reaaais em barras de ouro” no “1 Contra 100” do Justus! Tenso! Mesmo já tendo vazado a notícia, tenso! Mais um grande jogador (esse sim) que se juntou à turma dos que ganharam essa bolada do SBT: 2 vencedores no “Gol Show”, 1 no “Show do Milhão”, 1 numa espécie de “Roda Roda
meets “Peão da Casa Própria” (não lembro direito a mecânica, mas é o da cena clássica da velhinha abraçando a cintura do Sílvio e pulando e rodando) e 1 “Topa Ou Não Topa”. E todos mais anônimos do que Caetano Zonaro!

Mas justo quando eu ia começar a elaborar um post sobre isso, me começa no SBT um “SBT Repórter” falando sobre a indústria do sexo. E no meio de perguntas como “Quer dizer que mesmo com dois caras em cima de você, você pensa na sua mulher?” feita para um ex-pastor evangélico-casado-com-filhos e recordista de cenas passivas em filmes pornôs gays (O-OI???) ou declarações corajosas como a do filho da Rita Cadillac
(“Vai lá! Ninguém paga suas contas!”) quando ela resolveu fazer pornô, acontecem cenas como a da repórter balançando na mão pênis de borracha numa fábrica como quem testa chuchu na feira ou entrevistando na rua, sem fazer idéia de quem se trata, a mãe da bêbada da Bárbara Paz em “Viver a Vida” (que, entre vários factóides, ficou famosa – da última vez – cantando “Vai Tomar No Cu”).

Porque SBT é assim, né, minha gente? Uma várzea... terra de ninguém. Mas aí é que está a beleza do canal: da singeleza do Chaves às brigas do “Casos de Família”, passando pelas novelas que exageram no make-up e na iluminação, mostrando poros até de quem tem pele boa. É gente da gente, é como o Brasil fala, é o retrato visto por quem lida com o povo de perto, se misturando! Não estou dizendo, em nenhum momento, que concordo com a fórmula, mas ignorar o comportamento da população é tão irresponsável quanto não trabalhar conteúdo de qualidade, pelo simples fato de não se saber nem como gerar interesse por algo novo e relevante.

Não. Me recuso a falar sobre o Sílvio ou sobre o domingo aqui, porque senão eu não vou ter o que falar no fim de semana. É post à parte mesmo.

Por enquanto, eu quero mais é que as séries que o SBT compra e acaba sempre jogando pra madrugada permaneçam lá, contribuindo com a minha insônia e me dando um cheiro de TV paga (pra que outro motivo eu assinaria? Hahaha!). Ah, e trocar minha Tele Sena, pra continuar tentando ganhar o meu dinheirinho!


E pra fechar esse post non-sense (assim como a programação do SBT), tão naturalmente como fazem todas as 4 crianças se revezam no “Bom Dia & Cia.” quando descobrem de onde a criança que ligou pra participar da brincadeira fala, um beijo pra todo o pessoal de Osasco! Smack!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Live together, die together


Ontem teve fim a série mais legal do tipo “te faz pensar” que já inventaram. Porque, claro, acho que minha preferida sempre vai ser Friends (L) mas Lost, sem desmerecer as que me fazem rir 98 vezes da mesma piada – por trimestre – e por isso mesmo são geniais, é uma novela mil vezes melhorada!


Eu não sou nem nunca fui do tipo que formulava teorias, pesquisava referências ou cruzava dados atrás de um entendimento maior do que o que tinha me sido apresentado ou tentando ir além de alguma coisa que eu sabia que a série ia me contar em algum momento. Porque novela, pra mim, é assim: eu me envolvo, choro, rio, fico puto, mas acabou o capítulo, eu vou com o mesmo afinco pra Grande Família e as preocupações (hahahaha!) são outras imediatamente. Mas era inegável que as intermináveis discussões nos almoços de sexta-feira – entre um bando de viciados que corria pra baixar os episódios assim que ficavam disponíveis – e as teorias de bar (e até as embasadas por quem tinha grandes conhecimentos de história e física) me deixavam até mais inteligente, além de ver nos olhos dos meus amigos o apego que eu tenho a vida toda por dramaturgia. Seja ela qual for. Vingança calada (sorry, veia escorpiana falando).


Enfim, pulando a parte “extrassensorial” da coisa, eu me apeguei nesse povo num nível, que ontem eu tive uma sensação de despedida deles tão incrível como a que eu tive que os personagens de Six Feet Under. Não só pela questão da morte, mas pela forma como ela foi colocada ali... E dá-lhe choradeira, obviamente (mas pelo menos não fiquei querendo cortar os pulsos por falta de energia vital como em Six Feet)!


Mas vamos aos pontos altos:


1. Os choros:

a. Aaron nascendo de novo: eu me emociono sempre com cena de parto. Desde a Luciana de “Viver a Vida” parindo gêmeos até o Murílo Benício chegando atrasado pro parto do filho dele depois de estourar um cativeiro em “Força Tarefa” ao som de Tim Maia (acabou de passar e embarguei um pouquim). Mas aqui o que me emocionou foi a cara da Kate realizando tudo o que tinha acontecido enquanto o filho (que também era dela) nascia.

b. Sawyer e Juliet: definitivamente meu casal preferido. Passei a porra da terceira temporada inteira tentando entender se eu amava ou odiava a Juliet, pra no fim das contas concluir que tanto sentimento confuso só podia dar num lugar, né? Talvez minha personagem preferida. E o Sawyer é o típico homem que Alcione gosta (plagiando @bcanato), que pula de cabeça do penhasco, not even afraid, mas que dá vontade de pôr no colo cada vez que libera uma fragilidadezinha. Junta isso tudo e me diz? Ontem quando se reconheceram eu quase tive um troço...

c. O final. Porque é despedida, né?


Os fundamentais:

a. “Christian Shepard”: como eu nunca tinha reparado??? Valeu, Kate!

b. A briga de Jack e Locke like God intended (ou como o diabo gosta!): finalmente! Ainda que não fosse o Locke de verdade, eles se deviam isso. E a série devia ao Locke algo além da imagem de bosta que o MIB - Homem de Preto (hahahaha, adoro que todo mundo se refere ao gêmeo do mal assim! Sempre me vem o Will Smith na cabeça) fez dele. E isso veio com o respeito do Jack. Foda.

c. O primeiro “I love you” do Jack e da Kate. Fooooda. Fiiiiinally.

d. A despedida numa igreja, mas sem que houvesse a imposição de uma fé específica. Fiquei bem feliz de ver o vitral ecumênico na sala onde estava o caixão do Christian. Para fins de curiosidade, os símbolos são: Lua-Estrela (Islamismo), Estrela de Davi (Judaísmo), Om (Hinduísmo), Cruz (Cristianismo), Roda Dharmica – ó! – (Budismo) e Yin-Yang (Taoísmo, religião também dharmica).


Os bizarros:

a. O Bernard fez o parto dos trigêmeos da Phoebe e era FANÁTICO pelo Fonzie (The Fonz...);

b. O que foi a trilha sonora da partida do avião da Ajira? Podia JURAR que o Atreio da História Sem Fim ia aparecer voando naquele bichão branco!


Tá, não dá mais... Vou fechar dizendo que a edição foi um primor, que cães são FODA de tão leais (ah, Vincent...) e como diria Desmond, ops, Jack, ops, Desmond, ops, tô confuso, "I'll see you in another life, brotha"!

Olá, meu nome é Mario... (OOOI, MAAARIO)

Manja vício? Daqueles que te dão um prazer imenso, mas que te consomem tempo, energia, saúde, assunto… Então, é assim que televisão é pra mim. A diferença é que a vida como ela é não me permite um consumo excessivo, ficando as contra-indicações presas lá na minha infância, quando aos 8 anos me colocaram uma TV no quarto e eu me esforçava pra sair da frente dela pra ir brincar na rua.


No fim das contas, ela me deu repertório (controverso), algum senso crítico e referências até pras analogias que eu faço de tudo – parte fundamental do meu senso de humor.


E assim como um grupo de ajuda, só que nesse caso sem a vontade de me curar, ficou inevitável não procurar um lugar pra compartilhar isso tudo.


Então vambora. Aqui começa meu blog de cultura inútil. E como diria @nairbello, vamos acompanhar.