quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Angelical Touch, ops, "As Cariocas"



Se a intenção do Daniel Filho era homenagear as atrizes que escalou para “As Cariocas”, trabalho aparentemente bem feito. Eu disse aparentemente. É que, até pra mim, que tenho uma tolerância bem grande à quase tudo que passa na televisão e fecho os olhos pra bizarrices dramatúrgicas, tava puxado. Sem histórias consistentes, abusando de participações especiais desnecessárias e com protagonistas um tanto quanto forçadas, “As Cariocas” foi quase difícil de se acompanhar (tanto que perdi alguns sem nenhum peso na consciência).


Abertura bacana (mesmo com Angélica desfilando como se tivesse num bailinho de garagem aos 11 anos e Sônia Braga fazendo mais caras do que o botox permite – É UM MILAGRE!) e musiquinha chiclete (não tô reclamando aqui), cenários bem explorados do Rio, iluminação ótima, produção perfzzzzzzzzzz… Ok, who cares.


Às estrelas:
Alinne Moraes é linda, os truques de roupa e cabelo pras personalidades que ela assumia diante de cada homem deram um brilhinho pro episódio e ela tava impecável mesmo. Estreamos bem. Adriana Esteves nasceu pra fazer televisão. É multifacetada, engraçada na medida, emocionante além dela e Ailton Graça é impagável. Paola Oliveira surpreende e esse foi um dos meus preferidos (pra falar bem a verdade, acho que preciso rever o início do post, porque parece que eu gostei…). Fernanda Torres deu pra só fazer a Vani, cara… Eu AMO Fernanda Torres, mas não apela, né, Daniel? Cintia Rosa, que eu não sabia quem era até ontem, é beeeeem fraquinha, mas tem corpão. Acho que era isso que o personagem pedia. E Du Moscovis tava bem mal aproveitado. Sônia Braga foi VEXATÓRIO. Eu posso levar lampadada na cara no meio da Avenida Paulista, mas quem foi que disse pra ela que ela sabe atuar??? Eu até revi as participações no Sex And The City esses tempos e descobri que a única cena ótima foi a da quebradeira na casa da Samantha. Mas já me falaram que fazer cena de loucura é lição número 1 no Indac (bom, ainda bem que não revi o começo do post). Melhor parte: Regina Duarte véia safada. Sensa. Grazzi Massafera é ótima. Me esculachem de novo, mas acho Grazzi a presidente do clube das esforçadas. Até abafei a Deodora de “Tempos Modernos” pra não manchar a imagem dela na minha cabeça. E ao invés de comentar a participação do D2 aqui, vou comentar a da Carla Daniel, filha do diretor, que eu gosto desde que cantava em “Bebê a Bordo” (só eu lembro). Ela podia se cuidar e virar alguém na TV, né? Alessandra Negrini e Déborah Secco eu pulei por pura preguiça e fechei ontem com Angélica.

Parágrafo à parte pra Angélica:

Como eu tô aqui pra me expôr mesmo, eu confesso que adoro Angélica atuando. Não, não desde “Os Trapalhões na Terra dos Monstros”, mas desde “Caça-Talentos”. Ela é engraçada, tem um timming ótimo e se joga de verdade! Toda vez que eu vejo Angélica atuando dou um sorrisinho de canto de boca pra ninguém perceber. E ontem não podia ser diferente: no episódio mais sem história bem contada de todos, com o Luciano Huck cagando na participação especial desnecessária, ainda que otimamente compensado por Luiz Miranda como a trava Margarete (nome que cai como uma luva) e Rosi Campos sempre hilária, Angélica foi ótima! Claro que a credibilidade de colocar a, pra mim eterna, apresentadora adolescente com cabelo de poodle que andou de moto pra fazer uma dona-de-casa de classe média que quer se vingar do marido traidor dando pro primeiro que aparecer tava no limbo, mas a cena de louca (ela não é atriz, portanto, pode!), as caras e bocas e o desengonçamento foram impagáveis!

Olha, não vou comprar em DVD (o dos Trapalhões eu tenho!), mas vou continuar dando sorrisinhos quando Angélica aparecer em alguma ponta. E chorar de desgosto se continuarem tratando o Fagundes como um retardado só porque embarangou, como no episódio da Sônia. Até Marlon Brando mereceu destino melhor!


É… a reprise de Vale Tudo tá FODENDO com o meu nível de comparação pra dramaturgia em 2010…

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Penso me come tchato" - uma homenagem à Susana Vieira



Era uma vez, no fantástico mundo da TV Globo, uma atriz dita do alto escalão, sempre cotada para viver vilãs loiras más e donas de casa imigrantes. Essa atriz, que sempre teve uma dificuldade enorme pra chorar naturalmente mas que tem um alcance vocal no grito que só perde para sua antagonista em 80% dos trabalhos feitos, Regina Duarte, empresta a seus personagens uma de suas características principais: a noção bem particular de poder. Porque, vamos combinar, Susana Vieira não poderia, mas ela faz tudo como se pudesse. E enquanto não virou a Dercy, o povo até que fazia o compreensivo, mas vamos chegar lá.


Ela, nascida Sônia, começou roubando o nome da irmã pra atuar na TV. E pra provar que a noção de poder é de família, mas que só a Susana cover nasceu virada pra lua da compreensão, só me lembro da Susana original já com mais de 50 anos fazendo uma participação em “Hilda Furacão” como uma artista que pintava igrejas e mexia com a libido dos homens de Santana dos Ferros por usar calça de couro justa enquanto as beatas usavam vestidos (nem cabe um “oi?” aqui porque a sensação do núcleo interiorano da minissérie era a finada Mara Manzan com sua risada escandalosa e seu sutiã aparecendo muito antes da Norminha de “Caminho das Índias”).

Roubou a qualidade de mocinha da protagonista de novela fazendo a babá de “Anjo Mau” em 1937, sei lá, e começou a espalhar o bordão usado até hoje por qualquer vilão recém-saído da Malhação: o de que apanhou de dona-de-casa no mercado.


Roubou o Zé Wilker da mulher em mais umas 25 novelas, roubou o microfone da mão da Geovanna Angeliquete Tominaga no “Vídeo Show”, roubou Zé Mayer da Helena em outras 14 novelas, roubou no jogo quando saiu photoshopada na capa da revista Quem só com um lençol cobrindo os peitos, roubou o posto de rainha de bateria da Grande Rio da Juliana Paes (i-nex-pli-cá-vel), roubou nossa inteligência quando disse que sua personagem em “Cinquentinha” (uma atriz pitizenta que mente a idade e adora um menino novo) não era nada baseada nela – que sempre foi uma fofa – mas teve a filha roubada pela Nazaré em “Senhora do Destino” – e, junto com ela, todas as atenções da novela – e teve a capa da Playboy de 85 roubada por uma Pantera que participou do “No Limite” 20 anos depois. Afinal de contas, o universo devolve as coisas pra gente, né?

Mas, artimanhas à parte, sempre teve seu lugar ao sol. E com algum mérito, afinal de contas, apesar das donas de casa imigrantes serem chatérrimas, as vilãs loiras más eram incríveis. Mas ela não se contentou só com essa fama. Casou com um policial todo cagado, tomou chifre, o cara tatuou a cara dela na pança, ela perdoou, tomou chifre de novo, o cara foi na Sônia Abrão, morreu, ela apareceu com outro namorado com metade da idade do filho, arranjou papel pra ele numa novela portuguesa, fez mais 23 plásticas, chamou meia dúzia de repórteres de “meu amor” em entrada de eventos, deu selinho do Vesgo do “Pânico” e, por fim, lançou um CD! E finalmente virou a Dercy. Todo mundo já viu as notícias do peito pulando e da desafinação, mas o vídeo completo da apresentação dela no Faustão no último domingo e seu séquito de barbaridades merece ser apreciado segundo a segundo. A parte do peito não tá no video abaixo, mas tá
aqui.

Divirtam-se! E muitos anos de vida à Susana, a heroína mais bagaceira da televisão brasileira!

domingo, 5 de dezembro de 2010

“And that’s what you missed on… GLEE!”


Eu já tinha ouvido falar de Glee, mas não me atentei muito. Aconteceu a mesma coisa com Lost, que eu demorei até pra entender do que se tratava e depois me peguei acordando às 6h da manhã por sextas-feiras a fio pra ver o episódio que eu tinha baixado na madrugada. O primeiro episódio de Glee que eu vi foi o da Madonna (talvez o melhor da temporada, vale dizer). Daí até ganhar o box de aniversário e me internar em casa foi um pulo. Uma amiga me descreveu a série como apaixonante até a primeira metade e assassina de neurônios na segunda. Ela só esqueceu que eu me apego! E Glee me trouxe um bando de “novos amigos”, por ser tão desastrosamente clichê, deliciosamente sem conseguir.

O clube:

Um coral de estudantes comandados por seu professor de espanhol cuja maior especificidade (diferente das líderes de torcida e dos jogadores de futebol americano) é ser formado por completos losers. E tanto eles quanto os populares são estereotipados da forma mais exagerada que a cabeça de alguém que cresceu assistindo teen movies na “Sessão da Tarde” em plenos anos 80 pode imaginar: valores completamente deturpados e copos de raspadinhas jogados na cara dos diferentes enquanto os populares exalam sexo, ainda que mal o saibam fazer (alô, Finn?), se confudem com um aprendizado diário de convivência e rompantes de lucidez que a gente nem imagina como foram possíveis surgir. Mas ok, levemos menos a sério.

Os membros:
Meu top 5:

Rachel:
profundamente irritante, irritantemente sonhadora, sonhadoramente talentosa, talentosamente coitadeza. “Being part of something special makes you special”. Tem como não amar?

Quinn:
a mulher mais sexy do mundo todinho. Cheia de referências bizarras desde que nasceu, precisou virar uma loser pra aprender mais sobre a vida.

Puck:
o cara mal-criado mais legal do mundo, que vive no dilema de ser um gradissíssimo filho-da-puta sem ter o menor talento pra isso.

Brittany: é impressionantemente burra, mas é tão burra que não tem maldade alguma! E é surreal o quanto dança.
Kurt: tão caricato e tão real que nos faz questionar os preconceitos que temos contra nós mesmos.

Os demais:

Finn:
o “galã” que só falta cair de cara no chão de tão estúpido mas que sabe, em beeeem poucos momentos, ser um super-herói.

Mercedes:
tão insegura com a sua imagem que precisava de um espelho maior pra entender o quanto é especial.
Artie: o cadeirante nerd que faz mais questão de parecer nerd do que cadeirante – e que será um incrível dançarino.
Tina:
a japinha tímida que pinta o cabelo de azul ou roxo pra não chamar atenção e canta com tanta segurança que você não entende porque demorou a temporada toda pra decorar o nome.

Santana:
a latina periguete mau-caráter e que poderia muito bem ser discriminada como os losers, mas que por ser cheerleader já superou, então é a mais resistente aqui.

Other Asian (hahahaha, não dá pra lembrar o nome): outro incrível dançarino.
Shaft
(também não lembro): completa os 12 membros necessários para se concorrer às Regionais.


E pra continuar os top 5…

Top 5 partes onde eu chorei:

1.
Sue apresentando sua irmã com síndrome de Down depois de escolher Becky para as Cheerios.

2. A apresentação de "Proud Mary" em cadeiras de roda.
3.
Os concorrentes surdos cantando “Imagine”.

4. Rachel cantando “Poker Face” com a mãe.
5.
O número final do New Directions nas Regionals.


Top 5 performances:
1.
Rachel e Finn em “No Air” (Finn incrível).

2. Sue e Olivia Newton John no clipe novo de “Physical”.
3. Artie dançando “Safety” imaginariamente no shopping.
4. Vocal Adrenaline cantando “Bohemian Rhapsody” enquanto a filha da Quinn nascia. Mashup BI-ZAR-RO, mas super bem feito.
5. Todas as do episódio da Madonna (com destaque pro mashup de “Borderline” com “Open Yout Heart”).

Entre outros personagens como Emma, a conselheira obcecada por limpeza que não sabe nada da vida (nem piscar aquele olho de noiva de Chucky); a mãe da Rachel que é impressionantemente igual à ela (até na boca que mostra meio muito os dentes e sempre me deixou confuso se ambas são lindas ou estranhas); e o moicano do Puck, quase um personagem à parte, já que sem ele seu dono perde todos os poderes (“Sansão?”, “Não, Agassi!”), chegamos aos verdadeiros protagonistas: o chatérrimo Will Schuester com seu cabelo de lésbica masculina cheio de gel que jura por Deus que é um tipão sedutor quando é o maior loser de todos, mas que fez com que nossos meninos aprendessem a conviver com quem é diferente; e ela… a única e absoluta Sue Sylvester. Com sua obsessão pela perfeição mesmo tendo uma bunda de gelatina gigante, ela é má muito além da medida e surpreendentemente educadora. Muito mais do que seu arqui-inimigo, que toma decisões bem controversas e nem a afeta na disputa! Quando ela perde, é porque calculou mal! E sem as tentativas dela se acabar com o clube, eles nunca teriam chegado lá.

Enfim, Sue is my Boss.
E eu sei que vem mais pela frente e que eu já estou uns 8 ou 9 episódios da segunda temporada atrasado! ME DEIXA!

Alright, from the top!

Profissão: Repórter (e humano)


Eu sou do tipo que sempre achou telejornal um puta pé no saco. Pode me chamar de alienado, mas me incomoda a atitude sisuda e a quantidade absurda de sangue que escorre todos os dias (e nem preciso falar de “Cidade Alerta” quando o próprio “Jornal Nacional” não escapa muito disso). Enfim, mas eu assisto, preciso me informar, sou um cidadão, aquela coisa toda… Mas, de verdade, sempre fui fã (numa proporcionalidade inversa) de documentários ou programas jornalísticos como o “Globo Repórter” e até mesmo o “Fantástico” que, com a veia de entretenimento, deixa o formato mais “humano”, ainda que os assuntos não sejam todos leves. Calma! Quem odeia o “Fantástico” pode continuar lendo que eu já parei!

Tudo isso pra chegar no “Profissão Repórter”, que tem o melhor formato que eu já vi pra esse tipo de programa. Sob o comando do incrível Caco Barcellos, ele não só humaniza o conteúdo como humaniza a figura do jornalista, mostrando todo o processo para se chegar à notícia e o comprometimento alinhado à uma certa distância para que a matéria fique completa e imparcial, como ela precisa de fato ser, mas sem perder o apelo de tocar as pessoas pros problemas da sociedade.


O programa dessa semana foi sobre um grupo de pessoas que mora num prédio invadido, um antigo hotel de luxo no centro de São Paulo que foi desativado há 5 anos por conta da impossibilidade de se fazer uma reforma e se manter seu aluguel com a desvalorização da região, hoje propriedade de uma construtora que nunca fez nada com o imóvel.

O grupo conta com mais de mil pessoas entre homens, mulheres, crianças, idosos e recém-nascidos. E muito diferente do que um “Ensaio sobre a Cegueira” que poderíamos imaginar – enquanto proprietários das nossas próprias casas ou em condições de pagar por um aluguel decente –, esse grupo é formado por pessoas trabalhadoras e solidárias. Há regra pra tudo dentro do prédio, desde um controle de quem entra e quem sai até a carreata para busca de doação de alimentos no Mercado Municipal diariamente às 4h da manhã. E cada um contribui pro coletivo como pode: um grupo de mulheres cozinha cerca de 30kg de arroz por dia em panelões doados, quem entende de encanamento e eletricidade tenta dar o mínimo de estrutura aos cômodos (usados como casas pra famílias inteiras, onde um colchão é compartilhado por até 3 membros), mães levam as crianças pra uma mesma creche e até quem não tem dinheiro para pegar um ônibus e fazer uma entrevista do outro lado da cidade consegue ajuda dentro de “casa”.


Esse é outro ponto mega complicado: as chances de alguém sem endereço fixo (ainda mais quando menciona tratar-se de uma ocupação) conseguir um emprego fixo é minúscula. O programa ainda mostrou a emoção de uma mulher que conseguiu seu primeiro registro em carteira e mostrou sua preocupação quando precisou faltar por 2 dias quando o prédio foi desalojado e ela não tinha com quem deixar seu filho, que passou a morar com ela na rua a partir desse dia.

A desocupação foi a parte mais triste de tudo. Ainda que prevista desde o momento em que entraram, a falta de perspectiva dessas pessoas é realmente desesperadora. E o mais impressionante é que nem Tropa de Choque (sim, eles mesmos) ou o isolamento da área (e a humilhação pública) revoltaram essas pessoas a ponto de perderem o pouco que conseguiram construir ali: um mínimo de consciência solidária, de companheirismo e dignidade, mostrados numa passeata pacífica sem violência, mas contundente (ainda que invisível pra quem mora na região ou assiste a telejornais convencionais). E pra fechar, o conselho de uma das senhoras mais idosas do grupo a uma mãe aflita: “A gente é forte, a gente chega lá”.


O programa acaba como uma matéria imparcial como deve ser, mas tendo mexido e muito com os profissionais responsáveis por ela. Semanalmente a gente observa o quanto é intensa essa experiência pra esses repórteres e, ainda que eles não possam resolver o problema, essa vitrine humana mobiliza e serve de inspiração pra quem assiste, seja qual for o tema.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

"Parabéns pro papaaaaai..."


Depois do fiasco do segredo de Gérson e do sono que “Passione” me dá, as preces de quem é espectador bagaceiro de televisão aberta, mas não aguenta mais o “SuperPop” (ontem ela dedicou o programa inteiro ao DEPUTADO FEDERAL que disse que cura “moleque que tá ficando gayzinho” na porrada, e que não quis demonstrar como para a ex-paquita Miúxa com a justificativa de que ela ia se apaixonar! Hahahahahaha!), foram atendidas: Ratinho está de volta ao horário nobre!

Com testes de DNA, reportagens absurdas, personagens esquisitíssimos e tudo o que a flora e a fauna da sociedade brasileira tem a nos oferecer desde os bons tempos do "190 Urgente", Ratinho é a cara do Brasil (sempre quis escrever isso de alguém e a minha fase politicamente correto de achá-lo apelativo e me revoltar já se foi faz teeeeeempo). E que seja bem-vindo novamente! E que não tente novamente se levar "a sério", porque ele sempre caga quando faz isso (vide episódio Guilherme de Pádua).


Não vou nem me dar ao trabalho de escrever mais. Vejam com seus próprios olhos um pouco do que foi a estréia: