segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

#TeamClara: o final de "Passione"



“Passione” começou como um novelão daqueles bem tradicionais, com mocinhos e vilões bem definidos, trama linear, disputa por poder e conflitos de família. Tudo pra dar certo, certo? Errado.

Depois de um começo ótimo, abusando da verba de produção da Globo pra gravar na Itália, e de diálogos riquíssimos, "Passione" passou a se arrastar até o ponto que começou a incomodar.

De repente, Clara, a vilã suburbana que enganou o mocinho Totó, foi desmarcarada e descobriu-se apaixonada por ele, resolve que não se regenerou porra nenhuma. Melina, a melindrosa (tô esperando até hoje pela piteira e pelo vestido de lantejoulas vermelhas), de ameaçadora e cruel vira a mocinha arrependida que salva a vida da filha do ser amado. Gérson, o pervertido, é só um punheteiro. Mimi, um Didi Mocó emotivo que tinha tudo pra ser um puta personagem, vira coadjuvante do triângulo amoroso mais bizarro da história, pelo simples fato de ter Leandra Leal no meio. O sotaque do Berillo anasalou mais a cada dia. O do Kayky Britto se encheu de “erres” de paulista a cada cena, intercalada com testas franzidas e bufadas, ficando com uma bochecha de Kiko do Chaves. O filho da Agostina começou a povoar meus pesadelos me chamando incansavelmente de “Babbo”. E eu comecei a desejar ferozmente o final dessa tormenta.

Eu podia falar aqui de todas as referências e repetições de fórmulas desse capítulo, mas né? Em novela, quase nada se cria. Sendo assim, vamos aos fatos: a última semana foi um teste de paciência misturado à sensação que toda última semana de novela me causa: envolvimento generalizado, torcida pelos meus favoritos e decepção com os clichés de último capítulo. Nessa última foi que "Passione" se salvou.

Apesar de trabalhar no prédio da Metalúrgicas Gouveia, lá não tinha televisão e portanto, perdi o primeiro bloco (e não vi a reprise, porque teve show da Amy). Até aí, caguei. A essa altura, eu só queria saber quem tinha matado o Saulo e pronto. Mas antes, tinha que passar pelos clichés: Agostina e Jéssica parindo as filhas do Berillo ao mesmo tempo (zzzzz); Gérson se casando com a limpinha Maysa, que estava com um vestido que a cobria dos punhos ao pescoço (e no qual eu torci pra que alguma pomba solta na cerimônia cagasse); o mesmo Gérson voltou a ser campeão de ciclismo pra fazer a Goodyear feliz e o IN-SU-POR-TÁ-VEL do seu sobrinho Kayky, pra ter função no último capítulo, além de atazanar a vida da Maitê (juro, não tinha mais saco pro mesmo texto), estourou a champanhe do tio, numa atitude pau-no-cu bem condizente com seu papel; Totó voltou pra Itália e deu de cara com a atriz convidada Patrícia Pillar que veio fazer o que o próprio Tony Ramos já fez outras novelas: não permitir que o protagonista termine o último capítulo sozinho. Ah, e a cena do elenco todo em volta da mesa da Bia Falcão, com os casais se beijandzzzzzzzZZZZzzzzZZzz…


Bote toda essa farinha de engrossar caldo de lado e vamos ao que fez diferença nesse capítulo:
1. Alexandra Richter: AMO! A cena dela sendo chamada de tia pelo michê foi ótima!
2. O triângulo Agostina X Berillo X Jéssica: ainda acho a Leandra Leal a segunda melhor atriz do mundo (tava linda de noiva, né?). Mas mesmo com todo o meu bode do Berillo, Gabriela Duarte foi sucesso de Jéssica. E nem adianta torcer o nariz porque essa é incontestável.
3. Clô (L)(L)(L): a pitchuquinha vestida de pavão fechou o que ela foi a novela inteira: a melhor personagem cômica, dona das melhores cenas e das melhores falas.
4. O final.


O Sílvio de Abreu já tinha comentado que só conheceríamos o vilão na última cena. E mesmo tendo protagonizado a pior cena do capítulo quando foi preso (cuspindo perdigotos na câmera), sabíamos que não era o Fred. E a sequência toda, desde a velha porca levando a Clara criança pra casa do nojento do Saulo à revelação de que ela envenenava o Mauro Mendonça a mando dele e a cena do motel – do “Upa upa, cavalinho” (que porra foi essa???) ao jump no travesseiro – só me fizeram entrar definitivamente pro #TeamClara. Eu já comentei que gosto de vilã com motivo. Maldade por maldade não me convence. E Clara se vingou de todo mundo. E eu achei foi bom.

E achei bom também ter uma sensação diferente da brochada de final de capítulo, que a cena do aniversário da Bia Falcão teria me dado. Esse eu terminei querendo “Passione 2: a Vingança de Fred”! Mas espero, do fundo do meu coração, que ninguém me escute!

Um comentário:

Cranmarry disse...

Texto incrível, mas que ninguém te escute...

Amém!
(e por favor, não me induza a ver a novela nova, tá?)