segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Adeus, Ano Velho...



Eu sei que tô mega atrasado com a retrospectiva de 2010. E tô tão atrasado que resolvi não fazer uma. Ao invés disso, vou só comentar a constante que eu mais percebi nesse ano: mesmo com a ditadura da beleza, os emos, o elenco da Malhação e o Restart, 2010 foi o ano da terceira idade. E terceira idade ativa, fazendo sucesso, roubando cena em todos os lugares.


De Nair Bello no Twitter à Samantha no “Sex And The City 2” (HAHAHAHAHA, tá, sacaneei, mas é que o “I’m fifty-fucking-two and I’m wearing that dress” não sai da minha cabeça), grandes destaques do ano já estão virados no pé-de-galinha! E há algum tempo!


Pra começar, vamos ao elenco da principal novela da televisão brasileira: a das 8. Ah, era “Passione”, mas não se pode ter tudo. Enfim: Irene Ravache salvou a novela mais chata dos últimos tempos chamando o Chico Cuoco de mimoso e querendo, a todo custo, ser alguém na noite, enquanto Brígida deixava o neto Gérson no chinelo com seu festival de safadeza naftalinesca com Elias Gleizer e sua taturana do amor. Fernanda Montenegro, protagonista e mulher fina, mostrou pro Gianecchini com quantos silêncios se faz uma belíssima (juro que não foi intencional) cena, sem apelar pras caras de susto da Clara. Até Vera Holtz e seu delicioso sotaque (“Fwredê!”) renderam mais vontades de palmas empolgadas em frente à televisão que sua filha Maysa arrependida. E mesmo não sendo do núcleo cômico do Flávio Migliaccio, sempre no mesmo papel, sempre com a mesma graça.

Entre os apresentadores, Palmirinha largou a coitadeza Gazeta e virou assunto por bem um mês, Raul Gil e Marília Gabriela (sorry, Gabi, mas nem os 47 cremes horários que você passa claream a cor do seu RG) foram contratados pra dar alguma credibilidade ao SBT e Sílvio Santos voltou a ser assunto em mesas de bar com reprises de quadros clássicos e sua falta de noção e respeito somado ao seu excesso de genialidade. Até Glória Maria voltou! Mas o destaque aqui, sem dúvida, foi Hebe Camargo.

Além de ter comovido o país todo quando ficou doente, ela terminou o ano provando que idade não vale de nada quando se tem competência. Taí! 2 posts atrás eu falava da querida Susaninha e sua bizarra noção de poder. Pois bem, quem viu Hebe sendo homenageada no Faustão constatou que essa sim pode. E pode muito! Pode carregar um apartamento em cada orelha, pode sustentar um vestido justo e ainda estar elegante, pode cantar e não fazer feio, pode falar a merda que quiser e ainda parecer fina. No máximo espirituosa (excêntrica nunca!). Porque Hebe é diva.


No mais, entre uma exibição no Inter Cine Brasil de “Copacabana” da Carla Camuratti (mas acho que só eu vi esse) e uma reportagem sobre os 103 anos do Niemeyer (que parou de fumar 3 meses antes), de todos os especiais de fim de ano na TV (juro que os de dramaturgia da Globo eu não vi por pura preguiça), os que me tocaram de verdade – além da Hebe no Faustão, claro – foram o show ao vivo do Rei Roberto Carlos na praia de Copacabana – chorei só de ver aquela multidão, maior do que a que viu Stones, em pleno Natal cantando todas as músicas emocionadamente, principalmente “Detalhes” (L) – e o especial sobre os 50 anos de carreira do Didi. Pô, o cara fez parte da minha infância inteira! Ver filme dele no cinema era programa obrigatório nas férias. E ele continua no ar fazendo as mesmas coisas há 50 anos. E com um talento indiscutível.

É claro que é muito mais foda pra esse povo todo se renovar. Mas, além da história toda que já fizeram e que tem pra contar, eles respiram TV e fazem isso com a naturalidade de quem come com dentadura todo dia! Enquanto Boninho rejeita essa faixa de idade (claro, pra BBB não cabe mesmo), eu dou graças a Deus que, em meio à tanta bobagem (muitas das quais confesso que adoro) ainda tenha gente experiente mostrando conteúdo de qualidade. Mesmo um pouco enferrujado.

Um comentário:

Cranmarry disse...

Genial!
To aqui do meu notebook (lap top sabe!)lembrando de coisas da minha juventude e já estou feliz porque em 2011, terá chapolin no SBT denovo!