terça-feira, 31 de agosto de 2010

Abafa! Tô passada!



Olha, hoje me veio à cabeça fazer uma série de posts sobre o que a gente vê na TV aberta durante a semana à noite, a começar por segunda-feira (e olha que num dia com Dani Calabresa na Hebe, CQC podendo voltar a comentar política com humor mas aproveitando pra constranger Fábio Assunção e estréia de Marília Gabriela no novo “Roda Viva” entrevistando Eike Batista, o tema seria prato cheiíssimo), mas o vício zapeante fez meu controle remoto bater no Superpop por 30 segundos. O suficiente pra irritação virar meu estômago. Again.

Eu comecei a assistir Superpop (com a Gimenez, porque na época da Galisteu via sempre) há uns 4 anos pra ter assunto no almoço, porque um cara inteligentíssimo e peculiarmente engraçado que trabalhava comigo assistia o programa com um misto de diversão e estudo antropológico e sempre fazia os melhores comentários do mundo. Pois bem, desde lá a pauta gira em torno dos mesmos assuntos: bundas, ex-BBBs, conflitos de paternidade entre sub-celebridades (HAHAHA! They can’t get no satisfaction) e polêmicas envolvendo gays e evangélicos. Sem falar nos desfiles de lingeries (se bem que entram na categoria “bundas”). Entre os personagens recorrentes estão Gretchen e sua filha Thammy (em 3 categorias), Rosana Star (ex-paquito que virou travesti), mulheres-fruta (moda no último ano) e a musa sem profissão Renata Banhara. Eu, particularmente, sou INCAPAZ de vê-la sem mentalizar aquela voz do locutor debochado que sussurra dizendo “Renata Banhaaaaara... vaaai encaraaar?”.

Falar de bunda, todo mundo fala. Para ex-BBBs temos Sônia Abrão (os que sobram pro Superpop não interessam a mais ninguém). Conflitos de paternidade? Hello, Ratinho? Esse sim sabe fazer! Até porque com populares é bem mais engraçado (“e se for teu, e se for teu” e “parabéns pro papaaaaai...” são clássicos!). Sobra o que pra Luciana? O sensacionalismo! E pra isso, coloca frequentemente gays e evangélicos berrando uns contra os outros sem que nenhum deles seja capaz de sustentar um argumento, porque quem se presta a aparecer nesse freak show já perdeu o cuidado com a própria imagem há tempos (ou nunca teve) e nunca pensou em ter algum dever social.

É impressionante como até o “Fala Que Eu Te Escuto” da ungida Rede Record consegue ser mais ameno ao tratar desse assunto, mesmo com uma postura mais radical, enquanto o Superpop só sabe dar espaço (e isso é o que mais me indigna) à uma chuva de ignorância, falta de informação, desrespeito ao próximo enquanto cidadão, ofensas pesadas (todo mundo conhece Afanásio Jazadji, né?) e um armamento para o preconceito das classes menores que deixam a inclusão digital e o Orkut com vergonha.

Eu sempre o assisti como um programa de humor. Ver Vanusa tentando não errar a letra com as bolinhas pulantes dum karaokê no telão ou GC’s com pérolas como “Quem será o pai do fruto proibido da Mulher Maçã?” fazem minha veia bagaceira saltar mais feliz pré-sono. Mas ver pastores com botões a menos na camisa e gel no cabelo indo a orfanatos tentar convencer órfãos que a adoção por casais homossexuais é nociva, quando tudo o que eles querem é um lar, é de chocar demais! E a justificativa é sempre a porra da influência. Agora eu pergunto: quantos gays conhecemos que cresceram num lar com dois pais ou duas mães? E quantos foram criados dentro de uma família dita convencional?

Por mais que eu acredite no ser humano; em tempos de eleição com Tiririca perigando ganhar e minha vizinha de frente com um cartaz do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha pregado no muro; fica muito complicado levantar uma bandeira enquanto programas populares no horário “nobre” continuarem tratando assuntos como esse como se tentassem incluir aberrações na sociedade. Sorry, Luciana... você pode até achar que está ajudando, mas Créu só serve pra justificar o quanto o produtor do seu shake investe em merchandising no seu programa.

O que me alivia é que, ao serem perguntados pela repórter se os argumentos do pastor os fariam mudar de idéia, os menores candidatos à adoção responderam com um simples e natural "Não".

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