quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tá pensando que travesti é bagoonça?



Nessa última segunda-feira estreou na MTV o “Katylene TV”, um programa bem… ahm… bom, não dá pra definir sem darmos um passo antes pra sabermos quem é Katylene.


Há uns bons anos surgiu na internet um blog chamado Papel Pobre. Claramente uma sátira ao Papel Pop, blog ótimo que fala de celebridades e cultura pop, o Papel Pobre era absurdamente engraçado, politicamente incorreto e, por muitas vezes, até ofensivo. Mas virou um sucesso em bem pouco tempo, até que o nome de seu criador foi divulgado. Sem saber lidar com isso (visão de quem era somente espectador, ok?), o blog foi tirado do ar e Katylene Beezmarky, uma travesti que adorava gongar famosos, sumiu das nossas vidas, deixando um vácuo gigante que tentou, por muitas pessoas, ser substituído. O Te Dou Um Dado? surgiu nessa época e virou uma espécie de consolo para quem se viciou em ridicularizar o tão acompanhado cotidiano de quem aparece na televisão.


Um belo dia Katylene ressurge e adquire mais fama do que já tinha. Em tempos de redes sociais, ficou altamente conhecida, comentada, retwittada e colocou o pajubá (“dialeto” gay de rua) e suas expressões na boca do povo.


Confesso que quando fiquei sabendo da estréia de Katylene na TV, achei o máximo mesmo sem saber que formato iam dar pra isso. Quando vi a chamada na MTV com uma foto em movimento e uma dublagem imitando voz de trava que faria a Judite do “Chupim” (programa de humor da Rádio Metropolitana) ganhar Oscar, morri de medo.


Celebridades internéticas nem sempre funcionam na TV. Na verdade, executar o que já é sucesso num meio em outro não é fácil. Os caras do “Pânico” e os “Sobrinhos do Ataíde” Paulo Bonfá e Marco Biancchi deram certo porque criaram para a TV produtos diferentes do que faziam no rádio. Já o terceiro “sobrinho”, Felipe Xavier, lá se manteve porque é o que faz de melhor. Os caras do “CQC”, nas redes sociais, só servem pra anunciar data de show de stand-up enquanto o Didi do TDUD?, quando estreou o seu “Didiabólico” na mesma MTV com o mesmo tempo de duração e no mesmo horário da grade do “Katylene TV”, estrapolou os limites da vergonha alheia de tão sem conteúdo, sem propósito e sem conclusão que é. Mas apesar do cenário (adaptado da home do site) e da dublagem (a própria MTV faz uma dublagem tão genial no Fudêncio que não deu pra sacar o que rolou aqui) do “Katylene TV”, a adequação do blog ao formato de TV me surpreendeu!


Gente bizarra que faz carreira nos guetos internéticos se ridicularizando no You Tube como Lídio Mateus ganhando espaço, legendagem de cenas preservando a grafia toda própria da Katy e seu humor ácido e a ilustração de “Marvada Pinga” da Inezita Barroso com uma sequência de fotos da Lindsay Lohan (HAHAHAHAHA!) – tenho ótimas lembranças de infância da minha avó cantando pra mim – conseguiram traduzir Katy pra TV e deixar os momentos onde ela é hostess no programa melhor suportáveis.


No mais, palmas pra MTV que sempre foi (e continua sendo) fiel à fatia de público que quer atingir e que nunca mudou em 20 anos, e que ousa mesclando meios, entende e aposta em tendências de comportamento e dá espaço pra quem ainda produz conteúdo interessante no entretenimento, seja ele de um total escracho ou uma forma diferente de se fazer humor.


E por fim, bem-vinda Katylene! Ainda que um personagem, a primeira travesti com espaço na TV desde Maria Alcina e Elke Maravilha! #ALACKA

Um comentário:

Walkiria Binas disse...

Maria Alcina, elke Maravilha e Carmem Miranda (in memorian) hahahahaha!